sexta-feira, 9 de agosto de 2013

As éticas consequencialistas


   

   As éticas consequencialistas, como o utilitarismo, são sistemas teleológicos, ou seja, têm o fim como norteador de nossas ações. O que devemos considerar, como sujeitos morais, antes de agir são as consequências provocadas por nossas ações. Para isso, usando como exemplo a ética utilitarista, temos que estabelecer qual bem maior o homem precisa alcançar. Para o hedonismo, esse bem era o prazer. Para as éticas consequencialistas mais contemporâneas, esse bem é a felicidade. Estabelecido esse valor, o homem deveria tentar maximizá-lo e estabelecer seus objetivos em torno dessa supervalorização. Por exemplo, se priorizamos uma vida de bem-estar como uma vida feliz, em geral, nossas ações devem estar de acordo com a maximização desse bem-estar. Conforme essa teoria, se aplicada à nossa vida atual, as nossas escolhas de trabalho, companheiros, educação dos filhos etc devem estar voltadas ao alcance dessa felicidade - que, é preciso notar, deve ser a felicidade do maior número de pessoas afetadas pela ação. Portanto, se tenho um “problema moral” com minha família, precisaria pensar na escolha que tentasse beneficiar a todos. Por exemplo, se recebo uma oferta de emprego que me traria muito dinheiro e conforto para os meus filhos mas não me proporcionaria muito tempo para cuidar deles, precisaria levar em conta qual decisão nos faria a todos mais felizes, qual consequência se encaixaria melhor nesse objetivo.

Numa primeira análise pode parecer que as éticas consequencialistas são egoístas mesmo. Promover a felicidade (ou prazer, ou bem-estar) como valor supremo, o bem em si, pode ser considerada uma característica que visa à exaltação do indivíduo e seus desejos pessoais. Fica parecendo que devemos pensar “se isso me faz feliz, tenho a obrigação de fazê-lo”.
Ocorre que uma das três ideias principais das éticas consequencialistas é a maximização do valor. Quanto mais desse valor mais alto tivermos no mundo, melhor. Ou seja, minhas ações não visam apenas a minha felicidade pessoal; o meu dever como agente moral é agir de modo que a minha ação leve a felicidade ao maior número de pessoas afetadas por ela. Outra característica do utilitarismo é a prevenção ou diminuição da infelicidade, o que, se levado também à maximização, denota uma preocupação com o bem-estar social geral.  Acho que isso indica sim um certo altruísmo, ou ao menos tira essa impressão inicial de egoísmo e individualismo que as éticas consequencialistas podem nos passar.

A crítica pode ser com relação ao famoso “os fins justificam os meios”. Mesmo que para promover “a felicidade geral na nação”, ter como guia de uma ação apenas as suas consequências pode levar o homem a desconsiderar completamente os meios de que precisa para atingir seu ideal.

-Anita-

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