
As éticas
consequencialistas, como o utilitarismo, são sistemas teleológicos, ou seja,
têm o fim como norteador de nossas ações. O que devemos considerar, como
sujeitos morais, antes de agir são as consequências provocadas por nossas
ações. Para isso, usando como exemplo a ética utilitarista, temos que
estabelecer qual bem maior o homem precisa alcançar. Para o hedonismo, esse bem
era o prazer. Para as éticas consequencialistas mais contemporâneas, esse bem é
a felicidade. Estabelecido esse valor, o homem deveria tentar maximizá-lo e
estabelecer seus objetivos em torno dessa supervalorização. Por exemplo, se
priorizamos uma vida de bem-estar como uma vida feliz, em geral, nossas ações
devem estar de acordo com a maximização desse bem-estar. Conforme essa teoria,
se aplicada à nossa vida atual, as nossas escolhas de trabalho, companheiros,
educação dos filhos etc devem estar voltadas ao alcance dessa felicidade - que,
é preciso notar, deve ser a felicidade do maior número de pessoas afetadas pela
ação. Portanto, se tenho um “problema moral” com minha família, precisaria
pensar na escolha que tentasse beneficiar a todos. Por exemplo, se recebo uma
oferta de emprego que me traria muito dinheiro e conforto para os meus filhos
mas não me proporcionaria muito tempo para cuidar deles, precisaria levar em
conta qual decisão nos faria a todos mais felizes, qual consequência se
encaixaria melhor nesse objetivo.
Numa primeira análise
pode parecer que as éticas consequencialistas são egoístas mesmo. Promover a
felicidade (ou prazer, ou bem-estar) como valor supremo, o bem em si, pode ser
considerada uma característica que visa à exaltação do indivíduo e seus desejos
pessoais. Fica parecendo que devemos pensar “se isso me faz feliz, tenho a
obrigação de fazê-lo”.
Ocorre que uma das três
ideias principais das éticas consequencialistas é a maximização do valor. Quanto mais
desse valor mais alto tivermos no mundo, melhor. Ou seja, minhas ações não
visam apenas a minha felicidade pessoal; o meu dever como agente moral é agir
de modo que a minha ação leve a felicidade ao maior número de pessoas afetadas
por ela. Outra característica do utilitarismo é a prevenção ou diminuição da
infelicidade, o que, se levado também à maximização, denota uma preocupação com
o bem-estar social geral. Acho que isso
indica sim um certo altruísmo, ou ao menos tira essa impressão inicial de
egoísmo e individualismo que as éticas consequencialistas podem nos passar.
A crítica pode ser com relação ao famoso “os fins
justificam os meios”. Mesmo que para promover “a felicidade geral na nação”,
ter como guia de uma ação apenas as suas consequências pode levar o homem a
desconsiderar completamente os meios de que precisa para atingir seu ideal.
-Anita-
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