quinta-feira, 8 de agosto de 2013

:)


A visão pragmática da educação



Espírito de abertura: A visão pragmática da educação considera os aspectos funcionais dos elementos que compõem o processo de ensino e suas utilidades e consequências com relação aos objetivos desejados. O espírito de abertura, dentro desse contexto, significa o estudo de várias ideias e crenças para a análise de suas consequências na educação. No pragmatismo, não há a adoção de uma crença como verdadeira em si mesma, e isso permite uma abertura para que os métodos e suas utilidades sejam analisados formando uma visão pluralista de educação, que é vista como uma realidade social associada a diversos interesses.

Condição orgânica do ser humano: É como uma concepção holística que leva em consideração todos os aspectos constitutivos do homem no processo de educação. Temos várias facetas, somos formados tanto por impulsos e desejos quanto por razão, ideias e interesses. O pragmatismo leva tudo isso em consideração para analisar as crenças formadas a partir da nossa “identidade pessoal”, o que, para a educação, envolve investigar as consequências dessas crenças.


Responsabilidade da comunidade de investigação em determinar o significado da realidade: O significado da realidade na concepção pragmatista é analisar as consequências das crenças da sociedade e como elas estão relacionadas com os objetivos pretendidos pelas várias instituições sociais. No caso da educação, a reflexão crítica sobre as realidades institucionais que a constituem podem contribuir para a mudança de fatores que possam não estar de acordo com os objetivos e com as concepções que temos de formação, aprendizagem, desenvolvimento etc. É através do conhecimento crítico da realidade que podemos caracterizar, no caso da educação, seu significado, suas consequências, suas utilidades. Tudo isso levando-se em consideração o contexto cultural em que a educação ocorre.

-Anita-

O processo educacional e a mente aberta



A preocupação com a educação como processo de formação do ser humano cidadão existe há muito tempo, e pode ser encontrada nos escritos de Platão e de Aristóteles. Os elementos constitutivos do processo educacional dependem da concepção antropológica que a sociedade tem, da noção de qual é a natureza do homem. Platão defendia que a educação deveria se acomodar aos tipos psicológicos existentes de ser humano, que por sua vez eram descritos de acordo com o papel que cada um teria na sociedade ideal.

Para Aristóteles, o homem, como “animal político”, precisa de certas características para viver da melhor maneira possível em sociedade. O alcance dessas “virtudes cívicas” se dá pela formação educacional de cidadãos virtuosos.
Platão e Aristóteles nos fazem ver como o processo educacional já era considerado importante desde a antiguidade. O homem pode até ser um ser naturalmente social, mas precisa adquirir as “virtudes” necessárias para poder participar ativamente da comunidade em que vive.

Quanto aos regimes autoritários, eles impedem o pensamento crítico e a mente aberta. A principal liberdade que um governo autoritário restringe é a liberdade de pensamento. Me lembrei do livro 1984 (George Orwell), que conta a história de uma sociedade totalmente dominada pelo partido governante. O medo de reação por parte do governo é tal que há câmeras até na casa das pessoas. O Big Brother precisa controlar o pensamento das pessoas para que possa continuar eternamente no poder. A doutrinação, no livro, está em todas as atividades públicas, principalmente na educação. É um exemplo fictício e extremo, mas que nos mostra com detalhes muitas vezes chocantes (porque os vemos, em menor escala, no “mundo real” de hoje) como a restrição do pensamento chega à restrição da cidadania e pode manter um regime totalitário.


Ao longo da história, muitas pessoas que se enquadravam em categorias de “não-cidadãos” foram conseguindo ter seus direitos igualados aos dos demais, como o direito de voto para mulheres e negros. Atualmente, pelo menos aqui nos EUA é um assunto que tem provocado bastante debate, temos a questão do casamento gay. Por que eles não têm os mesmos direitos que os outros cidadãos? Sem direito a se casar, como ocorre em alguns estados daqui, um casal gay não fica protegido pelas mesmas leis que vigoram para casais héteros, como direito a pensão, divisão de bens, herança etc. Não são todos iguais perante a lei? Acho que essa é uma questão de cidadania que precisa se discutida com reflexão crítica e mente aberta pelo povo e principalmente por seus representantes, que podem modificar a lei. O combate ao preconceito cultural, religioso e racial se inclui dentro das preocupações pluralistas de uma educação para a cidadania. É de extrema importância para uma democracia o processo educacional que se preocupa em formar cidadãos que compreendam a diversidade e saibam justificar racionalmente as mudanças que julgam necessárias para a sociedade.

-Anita-

O alerta de Platão


Platão fez um alerta para a posteridade, alerta esse que parece uma profecia que previu o comportamento dos muitos que tiveram contato com sua filosofia, tanto seus admiradores quanto seus críticos.
O mundo das ideias é o tema principal que norteia a filosofia de Platão(427 a.C – 348 a.C ). Este filósofo grego, discípulo de Sócrates, tenta nos dizer que este mundo é apenas uma sombra do mundo real, e que a origem deste mundo está em outro mundo, o mundo das ideias perfeitas.
Os filósofos da natureza, também chamados de pré-socráticos, anteriores a Platão e Sócrates, se perguntavam qual a origem e o princípio das coisas. Mas suas investigações encontraram esse princípio somente no mundo físico. Tales de Mileto disse que era a água, Heráclito de Éfeso disse que era o fogo, os pitagóricos disseram que era o uno, mas sem indicar nada de transcendente. Platão, por sua vez, surge com algo original: a origem deste mundo é o mundo das ideias, um mundo transcendente e espiritual.
No entanto, desde a antiguidade, seu pensamento sofreu inúmeras interpretações e comentários da tradição filosófica. Platão não se deixa captar facilmente, sua filosofia parece impregnada de sutilezas e temas transcendentais. Pela primeira vez no pensamento ocidental um grande filósofo diz que a origem de tudo pode não estar neste mundo físico e imperfeito. O filósofo britânico Alfred North Whitehead chegou a afirmar que “o modo mais seguro de se caracterizar a tradição filosófica européia é afirmar que ela consiste numa série de notas de rodapé a Platão”.
Mas o próprio Platão faz um alerta para a posteridade, alerta esse que parece uma profecia que previu o comportamento dos muitos que tiveram contato com sua filosofia, tanto seus admiradores quanto seus críticos. Ele nos diz em sua Sétima Carta:
“Não creio que um tratado escrito e uma comunicação sobre esses temas sejam um benefício para os homens, a não ser para aqueles capazes de encontrar a verdade por si mesmos, com poucas indicações que lhes forem dadas, enquanto os outros se encheriam, alguns de um desprezo injusto e inconveniente, outros, ao contrário, de uma soberba vazia, falsamente convencidos de ter aprendido coisas magníficas”.
-Alfredo Carneiro-