sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Tradução


"Sabemos que toda tradução, por melhor ou menos imperfeita que pretenda ser, não substitui o original, mas apenas o representa. É, de fato, impossível transportar ideias verbalmente expressas de um universo idiomático para outro com exatidão e perfeita fidelidade. O limite do traduzível é o intraduzível.
Nem literalidade, nem paráfrase... mas um equilíbrio entre ambas, já que não são opostos necessariamente excludentes entre si."  
 Edson Bini - Tradutor para o português da Metafísica de Aristóteles  

Boécio e Anselmo - argumentos lógicos a favor da existência de Deus


Boécio inicia a tradição medieval de se tentar conciliar fé e razão justificando racionalmente, entre outros, a existência de Deus. O primeiro argumento trazido por Boécio é: Todo ser imperfeito pressupõe a existência de um ser perfeito, já que o imperfeito é imperfeito com base no critério de perfeição. Os seres imperfeitos existem, logo, é preciso haver um ser perfeito anterior a todos os imperfeitos. Esse ser só pode ser Deus, a causa primeira que, justamente por ser causa primeira, não pode ser imperfeito.

Anselmo trouxe o famoso argumento do ser acima do qual nada de maior pode ser pensado. O argumento se estrutura assim:
Deus é o ser acima do qual nada de maior pode ser pensado. Essa ideia (do ser maior) existe em nosso pensamento. Se existe em nosso pensamento, deve haver um correspondente na realidade, já que, se não existisse, não teria o atributo da existência, e poderíamos pensar num ser maior (o que seria uma contradição), ou então poderia existir na realidade um ser maior do que aquele em que pensamos.

O problema desse argumento está na passagem do pensar ao existir na realidade. Mesmo que baseados em fatos do mundo, podemos pensar em coisas que não existem. Ademais, o termo existir não pode ser considerado um predicado, pois ele não acrescenta nada à natureza das coisas. Se falamos em algo, pressupomos que este algo já exista.

Filosofia e ciência

   

   O que aproxima cientista e filósofo e o que os distingue? São duas pessoas interessadas na busca de conhecimentos, compreensão da realidade, resolução de problemas etc. Os dois são pesquisadores. Umas das coisas que os distingue são os problemas com os quais eles lidam. O cientista, de um modo geral, lida com problemas que geram respostas que se pode confirmar ou refutar com base em experimentos observacionais e empíricos. Os problemas filosóficos, também de modo bem geral, são perenes, são questionamentos que admitem várias abordagens e perspectivas, que podem ser defendidas com argumentação coerente, mas não podem ser provadas empiricamente. Em filosofia, não há respostas definitivas.  Por outro lado, também em ciência podemos dizer que não há respostas definitivas, apesar do método empírico de comprovação de teorias. A ciência também admite abordagens e perspectivas diversas. O cientista que adota uma postura filosófica, que tenta usar o pensamento crítico em suas pesquisas, considera a possibilidade de que novas descobertas sejam feitas, o que pode acabar em uma quebra de paradigma. Se o cientista pensa que a sua abordagem teórica é um recorte da realidade, uma das possíveis interpretações, ele tem a postura filosófica e crítica de reconhecer que a teoria com a qual trabalha é apenas uma entre outras.  O cientista pode ter uma atitude filosófica quando aborda um problema. A própria ciência também gera problemas filosóficos, como por exemplo as questões éticas quanto às pesquisas com células tronco embrionárias e tantas outras questões que derivam de pesquisas científicas. 

Gandhi