sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Boécio e Anselmo - argumentos lógicos a favor da existência de Deus


Boécio inicia a tradição medieval de se tentar conciliar fé e razão justificando racionalmente, entre outros, a existência de Deus. O primeiro argumento trazido por Boécio é: Todo ser imperfeito pressupõe a existência de um ser perfeito, já que o imperfeito é imperfeito com base no critério de perfeição. Os seres imperfeitos existem, logo, é preciso haver um ser perfeito anterior a todos os imperfeitos. Esse ser só pode ser Deus, a causa primeira que, justamente por ser causa primeira, não pode ser imperfeito.

Anselmo trouxe o famoso argumento do ser acima do qual nada de maior pode ser pensado. O argumento se estrutura assim:
Deus é o ser acima do qual nada de maior pode ser pensado. Essa ideia (do ser maior) existe em nosso pensamento. Se existe em nosso pensamento, deve haver um correspondente na realidade, já que, se não existisse, não teria o atributo da existência, e poderíamos pensar num ser maior (o que seria uma contradição), ou então poderia existir na realidade um ser maior do que aquele em que pensamos.

O problema desse argumento está na passagem do pensar ao existir na realidade. Mesmo que baseados em fatos do mundo, podemos pensar em coisas que não existem. Ademais, o termo existir não pode ser considerado um predicado, pois ele não acrescenta nada à natureza das coisas. Se falamos em algo, pressupomos que este algo já exista.

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