quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Erro construtivo



Não há um consenso sobre a definição exata do que seja a inteligência, mas há pontos comuns considerados por muitos estudiosos do assunto. A capacidade de relacionar conhecimentos e de usar essa relação para resolver problemas é um deles. Essa definição me chamou a atenção porque acabei estudar sobre o erro construtivo. O erro construtivo é o resultado da aplicação de uma hipótese para testar a solução de um problema. Ora, para que o aluno seja capaz de “cometer” erros assim, é preciso que desenvolva esse aspecto da inteligência de relacionar o que aprende e aplicar na prática o conhecimento adquirido. O erro faz parte do processo de aprendizagem e pode ser encarado como demonstração do uso da inteligência para a construção do conhecimento significativo. 

-Anita-

Edgar Morin e a educação



A visão de educação de Edgar Morin reflete o recorrente tema da globalização. A educação, para ele, precisa refletir a “era planetária”, ou seja, a relação e a influência que as pessoas, os países e todas as coisas têm entre si. O ponto principal não é transformar todas as disciplinas em uma só, mas sim fazer com que elas se comuniquem sem perder as suas particularidades. Se o professor consegue colocar na aula um pouco de outras disciplinas, forma o complexo, o tecido que liga as informações. E além do benefício da construção de um conhecimento mais completo, essa interdisciplinaridade pode despertar a curiosidade do aluno, fazendo com que ele fique mais motivado a aprender. Eu acharia as aulas de física muito mais interessantes se soubesse um pouco da história da matéria ou se pudesse ter feito mais experimentos em sala de aula. Os alunos não são todos iguais. Mesmo que estejam submetidos aos mesmos métodos de ensino, cada um tem características particulares e únicas. Enquanto um aluno pode se interessar por física teórica sem precisar de outros recursos, outro pode perder completamente o interesse se não tiver uma “ajuda” de outras disciplinas.

O papel da construção do conhecimento de modo completo e abrangente, para Morin, é fundamental e vai além da escola. Precisamos conhecer o pensamento complexo, a era planetária, para saber quem somos e para onde caminha a humanidade.

-Anita-

Nietzsche: dimensões humanas e além do homem


O homem deve se libertar dos esquemas de dominação criados, de forma conjunta, por grupos religiosos, políticos e econômicos e criar sua própria representação da realidade. Essa é uma das ideias centrais de Nietzsche: o super-homem ou além do homem.
Nietzsche afirma que o ser humano tem duas dimensões: a apolínea e a dionisíaca. A dimensão apolínea são nossas funções racionais voltadas para a criação de representações que têm por objetivo a praticidade, o compromisso com a realidade, enquanto que a dionisíaca cria representações sem compromisso com a realidade, na forma de imaginação,  mitos e sonhos.  Essas duas dimensões complementam o homem, e Nietzsche aponta para o erro dos valores da sociedade europeia (que foram transmitidos para as Américas) que tentam controlar estas  funções com o excesso de racionalização e imposição de  representações religiosas,  ideias partidárias e esquemas econômicos. Para Nietzsche, o homem deve ser livre para criar suas próprias representações e não mais adotar as representações limitantes impostas por esses esquemas. Aquele que consegue ser livre e viver sua vida de acordo com suas próprias representações, criadas por sua vontade, estaria além do bem e do mal  e seria um novo homem dentro de uma nova realidade. Este seria o super-homem, uma das ideias centrais de Nietzsche,  que alguns filósofos preferem traduzir do alemão Übermensch como além do homem.
-Alfredo Carneiro-

Palestra animada sobre educação infantil


Assisti a um vídeo ontem do famoso educador inglês Sir Ken Robinson sobre o paradigma da educação. Ele explica, ao final do vídeo, o que é o “pensamento divergente”, isto é, a capacidade de se pensar em várias soluções para um problema. Foi feito um teste com crianças em que se utilizou uma escala para medir o “grau” do pensamento divergente baseado no número de soluções que cada criança encontrava para as questões propostas. Entre as crianças testadas no jardim de infância, 98% atingiram o grau de gênio. As mesmas crianças realizaram o teste cinco anos depois e mais uma vez três anos depois. Ele não dá a porcentagem, mas diz que o número de crianças que atingem o grau de “gênio” vai caindo drasticamente à medida que elas vão crescendo. Segundo o palestrante, o estudo mostra que todos temos a mesma capacidade e que ela diminui. O que acontece durante a infância para que isso ocorra? Robinson diz que o modelo de educação ensina às crianças que há uma única resposta, que está no final do livro. Ou seja, a capacidade criativa inata que a criança usa no começo da infância para construir sua aprendizagem, para conhecer o mundo e para passar da associação do significante para o significado não está sendo muito bem trabalhada pela maioria das escolas, principalmente quando as crianças já estão chegando perto da adolescência. Robinson defende que precisamos modificar a estrutura do sistema educacional e pensar melhor na capacidade cognitiva humana.

-Anita-

Aprendizagem



- “Nós apenas respondemos a estímulos externos no processo de aprendizagem, ou aprendemos de acordo com nossas experiências e com os conhecimentos que adquirimos ao longo de nossa vida?”

Os estímulos externos e as nossas respostas a eles são o que os behavioristas consideram ao analisar o comportamento humano. O behaviorismo não tenta analisar o que vai além dessas respostas. Parece, então, que o homem é produto apenas de repetições e imitações. Acho que repetir e imitar fazem parte do desenvolvimento natural das crianças, mas não é só isso. Concordo com o construtivismo e com o interacionismo; aprendemos com as experiências, somos sujeitos ativos na troca de significados que gera conhecimento.


O meio influencia bastante o aprendizado. O que eu pude concluir do estudo dessas teorias é que há uma espécie de equilíbrio de forças em nosso desenvolvimento. Há uma relação dialética entre o “eu” e o meio externo que nos proporciona a interação com os objetos de conhecimento. Temos “de um lado” nossa formação biológica, nossas capacidades cognitivas, nossa personalidade, emoções, história de vida. Tudo isso forma uma identidade pessoal que interage com o mundo e com as outras pessoas - família, professores, escola, colegas, situações-problema, objetos de conhecimento etc.

É interessante compararmos as teorias e as diferentes abordagens sobre esse mesmo objeto de estudo que é o desenvolvimento e a aprendizagem. Eu ainda me confundo um pouco com algumas teorias, como a construtivista e a sócio-interacionista. A aprendizagem, como qualquer outro fenômeno, é um processo complexo, um sistema que envolve muitas coisas e cada pesquisador o analisa segundo a sua “especialidade”, suas crenças, seu paradigma, mas o objeto de estudo é o mesmo e sempre há algo de válido em todas as abordagens.

O comportamentalismo e sua ênfase na análise do comportamento exterior por meio dos processos de estímulo-resposta, recompensa e punição mostra uma visão mais simplista do ser humano, desconsiderando os complexos processos mentais de aprendizagem e as interações sociais. No entanto, ressalta a importância do comportamento como meio para entendermos a aprendizagem. Piaget, por exemplo, também analisava, ainda que de modo bem diferente, as respostas dadas pelas crianças aos seus problemas (estímulos).
Outra “pista correta” comum às teorias cognitivista, construtivista, interacionista e a da pessoa concreta é que todas consideram o indivíduo como ativo na construção de seu próprio conhecimento.

Esses e outros aspectos são instrumentos importantes para o professor poder intervir da melhor maneira no processo de aprendizagem do aluno.

-Anita- 

Diálogo genuíno

Quanto à passagem “Diz Buber: “O mundo do ISSO é coerente no espaço e no tempo.
O mundo do TU não tem coerência nem no espaço nem no tempo.
Cada TU, após o término do evento da relação deve necessariamente se transformar.”, gostaria de me aprofundar um pouco mais. O que Buber quer dizer que o mundo do Tu não se limita por espaço e tempo? Isso significa que o Tu, o relacionamento conseguido por meio do diálogo genuíno, faz com que seus participantes sintam uma reciprocidade, uma presença mútua e completa, em que eles compartilham a entrega e a responsabilidade do momento presente. É como se não existisse passado nem futuro, tamanha a profundidade da entrega. Kenneth Kramer conta em seu livro, Practicing Living Dialogue, um episódio que lhe foi relatado por uma aluna, que representa essa ausência de limitação espaço-temporal. Jennifer estava no ônibus indo para a escola. Em uma das paradas, uma outra garota desceu e, quando atravessava a rua, um carro a atropelou. Jennifer não era muito próxima dessa garota, mas a via no ônibus todos os dias há anos. Ela conta que não sabe por que, mas descobriu o número de telefone da menina acidentada e ligou para saber se estava tudo bem. Elas conversaram por horas. Ela conta ter sentido que realmente ouviu o que a garota tinha para dizer e ofereceu a ela algo que ninguém havia oferecido. Um interesse autêntico em se colocar à disposição para dialogar. A acidentada, por sua vez, retribuiu e se abriu sobre seus medos com relação ao acidente. Quando desligaram, Jennifer não sabia quanto tempo havia passado e desejava que a conversa não tivesse terminado. É como se o evento se elevasse a um plano atemporal.


É claro que este é um exemplo mais banal, não relacionado à violência, mas que ilustra como o relacionamento Eu-Tu é mútuo e pode ser alcançado pelo engajamento dos participantes em verdadeiramente ouvir e reconhecer o outro.

Outro ponto interessante é o contraste do Eu-Tu com o Eu-isto. Os dois tipos de relacionamento são fenomenológicos, ou seja, segundo Buber, a nossa percepção do mundo é que é dual, e não o mundo em si. A atitude do Eu é que determina o tipo de relação que vamos ter com os outros. Ademais, Buber defende que os dois tipos relacionamento são necessários e, idealmente, a pessoa vive alternando entre Eu-Tu e Eu-isto. Não é possível nos entregarmos completamente a todos que encontramos. Nas relações Eu-isto, as pessoas não investem toda a sua atenção no outro, que passa a ser usado, conhecido e sentido pelo sujeito. É uma relação de controle. O Eu controla o começo, o meio e o fim do diálogo. Exemplos desse tipo de relação são professor/aluno, terapeuta/cliente, líder religioso/fiel. Até mesmo quando nos lembramos de um acontecimento Eu-Tu, ele se torna Eu-isto, já que, segundo Buber, a mente não consegue descrever o diálogo genuíno porque o reduz a uma ideia do evento, distante do tempo em que ocorreu. Na descrição de um evento Eu-Tu, quando ele se torna Eu-isto, não há a presença de outo ponto fundamental do pensamento de Buber: o inter-humano, o “campo do meio” que se cria e que é maior que a soma dos participantes dialógicos. É como uma região interativa entre as pessoas, a mutualidade comum dos participantes mas que vai além de cada um. Esse campo do meio, conseguido apenas com o verdadeiro diálogo, seria a “realidade mais real” da existência humana.

-Anita-

O Uno-Bem platônico



O Uno-Bem seria como o sol, que nos dá a luz e permite a vida de muitas maneiras, mas não é a própria gênese. É pela contemplação do Uno-Bem que o Demiurgo daria a essência aos seres. O Uno então permitiria a estruturação e delimitação da matéria sem ser o seu gerador propriamente dito, estando para além dos gêneros supremos (ser, repouso, movimento, mesmo e outro).
-Anita-

Relativismo: para pensar um pouco



A que situações é que relativismo prescritivo se aplica realmente? Que diferença fará na prática? Supõe que o relativista afirma que nós não podemos discutir com os canibais sobre o canibalismo. Mas com que frequência discutimos com canibais? A maior parte das nossas discussões é feita com pessoas que partilham as nossas ideias. Eu nunca discuti com um canibal, embora o faça constantemente com os meus filhos (cujos hábitos alimentares também têm muito que se lhes diga). Com eles eu posso discutir — eles crescem na nossa cultura, e têm alguma aprendizagem a fazer.
Por outro lado, às vezes pedem-nos para fazermos juízos morais que atravessam diferentes culturas, como, quando os portugueses foram chamados a dar a sua opinião sobre as condutas da Indonésia em relação a Timor Leste. Será correcto exigir isso das pessoas? O que diria o relativista acerca disso? O que pensar da resposta relativista?