
A preocupação com a
educação como processo de formação do ser humano cidadão existe há muito tempo,
e pode ser encontrada nos escritos de Platão e de Aristóteles. Os elementos
constitutivos do processo educacional dependem da concepção antropológica que a
sociedade tem, da noção de qual é a natureza do homem. Platão defendia que a
educação deveria se acomodar aos tipos psicológicos existentes de ser humano,
que por sua vez eram descritos de acordo com o papel que cada um teria na
sociedade ideal.
Para Aristóteles, o
homem, como “animal político”, precisa de certas características para viver da
melhor maneira possível em sociedade. O alcance dessas “virtudes cívicas” se dá
pela formação educacional de cidadãos virtuosos.
Platão e Aristóteles
nos fazem ver como o processo educacional já era considerado importante desde a
antiguidade. O homem pode até ser um ser naturalmente social, mas precisa
adquirir as “virtudes” necessárias para poder participar ativamente da
comunidade em que vive.
Quanto aos regimes
autoritários, eles impedem o pensamento crítico e a mente aberta. A principal
liberdade que um governo autoritário restringe é a liberdade de pensamento. Me
lembrei do livro 1984 (George Orwell), que conta a história de uma sociedade
totalmente dominada pelo partido governante. O medo de reação por parte do
governo é tal que há câmeras até na casa das pessoas. O Big Brother precisa
controlar o pensamento das pessoas para que possa continuar eternamente no
poder. A doutrinação, no livro, está em todas as atividades públicas,
principalmente na educação. É um exemplo fictício e extremo, mas que nos mostra
com detalhes muitas vezes chocantes (porque os vemos, em menor escala, no
“mundo real” de hoje) como a restrição do pensamento chega à restrição da
cidadania e pode manter um regime totalitário.
Ao longo da história, muitas pessoas que se enquadravam em categorias de
“não-cidadãos” foram conseguindo ter seus direitos igualados aos dos demais,
como o direito de voto para mulheres e negros. Atualmente, pelo menos aqui nos
EUA é um assunto que tem provocado bastante debate, temos a questão do
casamento gay. Por que eles não têm os mesmos direitos que os outros cidadãos?
Sem direito a se casar, como ocorre em alguns estados daqui, um casal gay não
fica protegido pelas mesmas leis que vigoram para casais héteros, como direito
a pensão, divisão de bens, herança etc. Não são todos iguais perante a lei?
Acho que essa é uma questão de cidadania que precisa se discutida com reflexão
crítica e mente aberta pelo povo e principalmente por seus representantes, que
podem modificar a lei. O combate ao preconceito cultural, religioso e racial se
inclui dentro das preocupações pluralistas de uma educação para a cidadania. É
de extrema importância para uma democracia o processo educacional que se
preocupa em formar cidadãos que compreendam a diversidade e saibam justificar
racionalmente as mudanças que julgam necessárias para a sociedade.
-Anita-
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