
A transvaloração é uma
questão ética complicada. O Ethos pode ser encarado
como um movimento circular, em que há a cultura e os valores passados como
herança, mantidos pelas novas gerações que, além de os manter também os
questionam, o que provoca mudanças que serão depois passadas como herança,
iniciando-se outro ciclo de propagação, manutenção e mudança do ethos. Nós sabemos
que os valores culturais têm mudado muito de geração em geração, mas uma
transvaloração de todos os valores
me parece uma vontade de mudança muito abrupta no ciclo natural que as culturas
seguem. No entanto, acho que ela já está ocorrendo, gradualmente, em certos
sentidos. Entendo essa transvaloração como um guia teleológico de como devemos
nos ver em relação à vida. Me parece mais uma mudança de atitude, que, claro,
envolve valores enraizados na cultura ocidental há milênios. Para Nietzsche, o homem moderno perdeu o
contato consigo mesmo, com seus instintos, com a vida em si, valorizando
atributos de fraqueza, “coitadice”, transformando instintos naturais em fonte
de sofrimento, medo, enaltecendo a martírio, o castigo, a purificação. É essa
mudança “mental” que, segundo entendo, precisamos fazer para não nos
esquecermos da vida e para que sejamos senhores de nós mesmos.
-Anita-
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