quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O sentido da vida (trecho de Viktor Frankl)


"Chegamos ao terceiro princípio básico: após discutir o livre-arbítrio e a vontade de sentido, o sentido em si é agora o problema. Bem, nenhum logoterapeuta “prescreve” um sentido, mas pode muito bem “descrevê-lo”. Quero dizer que pode fazê-lo de maneira puramente descritiva, apenas descrevendo o modo como o homem realmente existe, ou de forma fenomenológica, ampliando o campo visual do paciente com relação a sentidos e valores, tornando-os aparentes, por assim dizer. No caminho de uma percepção crescente, finalmente pode-se perceber que a vida não deixa de guardar e ter um sentido até o último momento. Isto porque, como nos permite uma análise fenomenológica, não apenas o homem encontra sentido em sua vida por meio de suas ações, seus trabalhos e sua criatividade, como também por meio de suas experiências, do encontro com o que é verdadeiro, bom e belo no mundo. E por último, mas não menos importante, por meio de seu encontro com o Outro, um ser humano em sua singularidade. Compreender outra pessoa em sua singularidade significa amá-la; mas mesmo em uma situação na qual o homem não dispõe de criatividade e receptividade, ele ainda assim pode cumprir um sentido em sua vida, pois justamente ao encarar tal destino, quando confrontado com uma situação impossível – exatamente então lhe é dada a oportunidade de realizar um sentido; não apenas isto, como também de compreender o mais alto valor, até o mais profundo sentido do sofrimento. Não é preciso dizer que o sofrimento só pode ser significativo se a situação for imutável – caso contrário não estaríamos lidando com heroísmo, mas sim com masoquismo."

-Trecho de um ensaio de Viktor Frankl traduzido por mim


-Anita Morgensztern-

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