Vou compartilhar aqui um pequeno raciocínio para tentar entender essa justificação do conhecimento do mundo “real”, fora da consciência, de Descartes. Fiquei me perguntando se Descartes não poderia ter usado o próprio axioma de que as ideias formais correspondem a realidades objetivas para justificar o conhecimento do mundo, ficando no argumento dessa correspondência entre realidade e pensamento sem lançar mão de Deus. Acontece que ele colocou em seu sistema de dúvidas a hipótese do gênio maligno (e se existisse um gênio maligno que nos engana e nos faz ver e viver uma ilusão?). Então, para o filósofo, somente a ideia de Deus é perfeita e ela deve ser causada por uma realidade objetiva perfeita, o que garante a existência Dele. Então Deus existe, o que exclui a hipótese do gênio maligno, já que a enganação é uma imperfeição e Deus é sumamente bom, não deixando que os nossos estados mentais sejam controlados por tal esquema maligno. O Deus como “muleta epistemológica” é aquele que surge para excluir a hipótese do gênio e garantir a certeza de nossos estados mentais...
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