
Aristóteles aborda quatro sentidos para a filosofia primeira: ontologia, ousiologia, teologia e etiologia. A seguir uma breve explicação de cada um:
Etiologia: Ciência das causas primeiras e dos primeiros princípios - Nesse sentido, a metafísica é a filosofia que procura conhecer o fundamento da realidade em seu sentido universal, buscando os princípios primeiros de toda a existência. É uma ciência que, ao buscar as causas universais para a existência dos entes, conhece os particulares sem conhecer exatamente seus detalhes, já que conhece o universal presente em todas as coisas.
Ontologia: Ciência do ser enquanto ser - A principal característica da metafísica /ciência do ser enquanto ser é a definição de que o “ser se diz de vários modos”. Então, numa primeira abordagem à terceira pergunta da segunda etapa deste fórum, temos que os quatro principais modos são o ser do discurso (verdadeiro ou falso), o ser como ato e potência, como substância e acidente e o ser da predicação (das categorias). O ser do discurso tem um caráter não apenas de análise de linguagem, mas também ontológico, pois visa saber se o que se diz condiz com fatos do mundo que sejam realmente verdadeiros ou falsos. O ser como ato e potência explica o movimento e também um pouco da questão do não-ser. Para Aristóteles, todo ser tem algumas potências a realizar. Uma semente é uma árvore em potência, mas ainda não é uma árvore em ato. E toda passagem da potência para o ato consiste num dos tipos de movimento. O ser como substância e acidente está ligado à definição do que é essencial aos entes e o que é atribuído mas não constitui a sua essência. Por exemplo, se Sartre não fosse branco nem filósofo, continuaria sendo Sartre. O atributo branco e filósofo são acidentais, e se relacionam ao ser substancial Sartre. A última definição dos modos de ser é a da predicação. As categorias são 10, sendo que a substância é a categoria com a qual todas as outras se relacionam. A qualidade tem que ser qualidade de alguma substância, assim como a quantidade, o lugar, o tempo, o estado etc. Essas categorias remetem à noção de acidente, já que se relacionam com a substância e não se poderia dizer que existem por si mesmas.
Ousiologia: Ciência da substância - A substância é o significado primeiro do ser (que se diz de vários modos). Todos os significados do ser são relacionados à substância, que é aquilo que permanece até mesmo quando o ser muda algumas de suas características (acidentes). A substância é a unidade na multiplicidade.
Teologia: Ciência de deus e da substância suprassensível - Aristóteles argumenta que há três tipos de substância: a matéria, a forma e o sínolo (junção de matéria e forma). Para argumentar sobre a existência de Deus, o filósofo segue o seguinte argumento: O tempo é eterno, já que sempre concebemos um antes e um depois para todas as coisas. O tempo é a medida do movimento, que, portanto, também deve ser eterno. O movimento precisa de uma causa, e essa causa tem de ser eterna também, apesar de ser imóvel (porque se fosse móvel, exigiria uma causa para o seu movimento, e o argumento iria ao infinito). Bem resumidamente, é assim que Aristóteles chega ao motor-imóvel, aquele que gera todo o movimento do universo exercendo uma atração com relação a todas as coisas – é a causa final, em direção à qual o universo se movimenta.
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